domingo, 21 de outubro de 2012

História do Monte Castelo vira roteiro de documentário

Monte Castelo, o nome pode lembrar somente um bairro da cidade de São Luís -MA, mas também guarda relação com um dos episódios mais dramáticos da história do Brasil.
POR JOSÉ LINHARES JR.
Motivados pelo desejo de não deixar a história do bairro cair no esquecimento, um grupo de moradores do Monte Castelo decidiu registrar em vídeo a trajetória daquela comunidade e suas peculiaridades. Após cinco anos, e mais de 40 horas de filmagens, nasceu a idéia de transformar o material em documentário e tornar pública boa parte da vida de um dos bairros mais tradicionais de São Luís.

São 24 pessoas envolvidas na produção de “Do Areal ao Monte Castelo”. O título é uma alusão a um dos vários nomes pelo qual o Monte Castelo já foi conhecido. “Durante nossas pesquisas descobrimos que o nome era originário da Feira do Areal, que acontecia no bairro e atraía muita gente”, explicou um dos integrantes do projeto, José Carlos Alves, o Binho.

Metamorfoses assim eram comuns no passado. Um dos exemplos mais conhecidos é o da Liberdade, que era conhecida como Matadouro, em alusão ao Matadouro Central. Outra situação parecida é a do Bairro de Fátima, que foi chamado durante muito tempo de Cavaco, a origem do nome é desconhecida. Já o nome Monte Castelo foi uma homenagem a Força Expedicionária Brasileira na 2º Guerra Mundial.

Binho afirmou que as pesquisas estão sendo, muitas vezes, mais importantes do que as próprias filmagens. “Estamos descobrindo coisas que nem imaginávamos. Tudo isso graças à solidariedade da comunidade e da riqueza cultural que essas ruas escondem”.

Além de Binho, a equipe é composta por Cursino Moreira, Gleison Emanuel Pereira, Ribamar Guajá, Lino Moreira, professor Moraes, Josenilson Nascimento, Evenilson Façanha e mais 18 pesquisadores.

Da cultura a arquitetura – A principal meta do documentário é fazer um raio-x de toda a história do Monte Castelo, mostrando todas as particularidades do bairro. “O Monte Castelo abrigou o primeiro projeto de moradias populares no Maranhão, chamado de Popularzinho”, contou Binho.

“O Monte Castelo é um bairro de personalidades históricas. Aqui você encontra de doido a doutor”, brincou Binho ao explicar que o documentário vai resgatar a historia de moradores ilustres. O intelectual Bota pra Moer, figura bastante conhecida em toda a São Luís; o jogador Nabo, ex-Flamengo; o último benzedor do Monte Castelo, Seu Marcos; a moradora mais antiga, Dona Cândida; e o criador do símbolo da Caema, Afonso Almeida, são algumas das personalidades que serão homenageadas em “Do Areal ao Monte Castelo”.

Os grupos folclóricos do Monte Castelo, que, segundo Binho, são mais de 50, também serão mostrados. “A primeira quadrilha de São João foi criada aqui no Monte Castelo, Flor do Sertão que já tem mais de 40 anos. Além dela, temos a Casinha da Roça, a Escola de Samba Império Serrano e a quadrilha Princesinha do Sertão. Todos esses grupos demonstram a riqueza cultural do nosso bairro e estarão presentes no documentário”, orgulhou-se Binho.

Como todo bairro tradicional que se preza, o Monte Castelo não poderia deixar de ter suas lendas. A mais comum delas é a da carruagem fantasma de Ana Jansen. Os pontos de referência do bairro terão lugar de destaque no vídeo. “Tem a Casa Inglesa, o Canto do Lavois, o Cine Monte Castelo e também uma árvore secular, nas proximidades do Sindsep, que foi apelidada de Barrigudeira por ser ponto de encontro de casais. As pessoas dizem que as mulheres que namoram perto da árvore, sem motivo algum, ficam barrigudas”, divertiu-se Binho.

A avenida Getúlio Vargas, de acordo com as pesquisas realizadas, chamava-se Caminho Grande, e era a principal via de acesso ao interior da Ilha de São Luís. “A cidade começou a crescer em direção ao Monte Castelo até chegar ao Anil. Isso fez com que o bairro ficasse muito importante”, informou Binho.

Apesar de a pesquisa revelar muitos mistérios, ainda existem segredos do Monte Castelo que resistem às descobertas. “Mesmo com as mudanças arquitetônicas na maioria das casas do bairro, algumas localizadas na avenida Raimundo Correa ainda possuem triângulos em suas fachadas. Estamos tentando descobrir , mas ainda não chegamos a origem”, disse Binho.

“Do Areal ao Monte Castelo” tem lançamento previsto para outubro deste ano. Enquanto o filme não chega, os freqüentadores do bairro vão ajudando a construir a história de uma das comunidades mais importantes da história de São Luís.

Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br/

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