sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Professores denunciam que sofrem retaliação do diretor do Cintra

Pouco mais de três meses após  manifestação "protesto" realizada por alunos do CINTRA, e com sucessivas   denúncias de irregularidades graves na escola, a situação é:

Foto: Alunos do CINTRA
durante protesto (07/11/2012.
Integrantes do Colegiado do Centro de Ensino Integrado Rio Anil (Cintra), entregaram, na terça-feira (5), ao promotor Paulo Silvestre Avelar Silva (Educação), um abaixo-assinado, relatando que 53 professores do colégio foram colocados – segundo os docentes, de forma verbal, e, portanto, irregular – à disposição da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Para os professores, o ato, assinado pelo diretor do Cintra, Arnaldo Martinho da Costa, é uma retaliação, pois eles fizeram denúncias de irregularidades graves na escola. As denúncias resultaram em investigações que estão sendo conduzidas pelo Ministério Público. Paulo Avelar recebeu o documento e garantiu que analisará as informações recebidas.

Segundo o professor de Química Sálio Barbosa, que leciona no Cintra há cinco anos, pais, alunos e docentes formam um Colegiado para lutar pela melhoria do ensino na escola. O Colegiado é escolhido por meio de eleição direta e conta com quatro pessoas de cada grupo (pais, alunos e docentes), os quais permanecem no cargo por dois anos.


Salio explicou que o estatuto do Colegiado impede que os membros sejam transferidos ou colocados à disposição no período em que estiverem à frente dos cargos. No entanto, integrantes do Colegiado estão entre os professores postos à disposição pela direção do Cintra.

“Nós do Colegiado fomos responsáveis pelo pedido de intervenção do MP no Cintra. E agora estamos sofrendo retaliações por parte da direção do colégio, que, sem qualquer tipo de documentação ou justificativa plausível, informou que estará colocando 53 professores à disposição da Seduc, prejudicando ainda mais o ensino ofertado pela instituição aos alunos, que já é precário”, disse Sálio Barbosa.

De acordo com o educador, o projeto inicial do Cintra previa que a escola abrigasse 2.700 alunos. Porém, a escola atualmente trabalha com quase o triplo da capacidade, chegando a quase 8 mil alunos. Barbosa contou que o colégio possui 527 professores, o que não é suficiente para cumprir a demanda solicitada e muitos docentes acabam por acumular ou desviar funções.

“No ano passado, os alunos já ficaram sem estudar algumas matérias por falta de professores. Imagine se tirarem mais 53. A rede pública não tem profissionais para substituir os que vão sair, pois a deficiência também se estende a outras escolas. Infelizmente os professores que lutam por uma educação melhor estão sendo retaliados dessa maneira vergonhosa. Não podemos permitir que o Cintra continue funcionando da forma em que se encontra oferecendo riscos aos alunos e professores. As aulas deveriam começar no dia 6 (ontem), mas foram suspensas pelo MP, até que os laudos técnicos realizados pelo Crea-MA, pelo Corpo de Bombeiros e pela Vigilância Sanitária sejam entregues e a situação seja avaliada”, disse Sálio Barbosa.

Davi Pavão, de 17 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio, e também membro do Colegiado do Cintra, explicou que os estudantes são contra a atitude do diretor Arnaldo Costa, uma vez que correm o risco de ficar sem aula. Davi contou que em 2012 os alunos do Ensino Médio ficaram sem aula de Artes e só tiveram aulas de Química e Sociologia no fim do segundo semestre.

“Estamos sendo prejudicados pela arrogância, prepotência e egoísmo do diretor Arnaldo Costa, que não senta para conversar com o Colegiado, nem com alunos e professores, deixando que os problemas tomem conta da nossa rotina escolar. As salas estão superlotadas, os ventiladores quebrados, a água do bebedouro é quente e salobra, as janelas de vidros estão quebradas, o telhado está comprometido, a merenda é de péssima qualidade e há outras deficiências que acabam por nos prejudicar”, afirmou Davi.

De acordo com o promotor da Educação, Paulo Avelar, a escola ainda não foi interditada, uma vez que ele aguarda os laudos definitivos e detalhados do Crea, dos Bombeiros e da Vigilância Sanitária. As aulas, no entanto, estão suspensas, confirmou Avelar.

“Na realidade há vários meses populares, pais, alunos e professores têm denunciado as condições precárias que a escola tem oferecido. E apesar de já realizarmos um trabalho preventivo e fiscalizador, resolvemos inspecionar mais a fundo a infraestrutura, além da possível superlotação, que o Cintra apresentava, a fim de evitar possíveis tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Recebi o abaixo-assinado dos professores e analisarei as informações contidas no documento para eventuais providências”, explicou.


Outro lado – De acordo com o diretor geral do Cintra, Arnaldo Martinho da Costa, os professores não são da Fundação Nice Lobão, e sim da rede pública estadual. Portanto, a Seduc e a Unidade Regional de Educação (URE), junto com a escola, é que realizam o mapeamento dos docentes e os redistribuem conforme a necessidade das instituições de ensino. Ele explicou que, ao contrário do que dizem os membros do Colegiado, apenas 46 professores considerados excedentes, pelos mais diversos motivos, foram remanejados da escola. “O Cintra não está superlotado como andam dizendo, uma vez que temos 7.839 alunos e em 2013 teremos uma redução de pelo menos 500 alunos que estão em ano de formação. Ou seja, antes havia uma média de 42 alunos por sala, agora passará a ter uma média de 40 estudantes por turma. O mais contraditório é que os mesmos professores que falam em superlotação e precariedade do colégio são os que todos os anos solicitam vagas para parentes, amigos ou conhecidos. Por ano, temos uma média de 400 vagas destinadas aos pedidos dos docentes”, disse ele.

Arnaldo afirmou que o Cintra continua sendo o maior e melhor colégio público da América Latina, mas admitiu que uma reforma geral da escola é necessária.

“Porém, o governo do estado precisaria dispor em seu orçamento de uma quantia de aproximadamente R$ 20 milhões para executar tal obra”, afirmou.

O diretor disse que pequenos reparos como o conserto do telhado, janelas, ventiladores e carteiras já estavam sendo executados antes do término das aulas, que estão previstas para serem retomadas no próximo dia 14. “Nós temos a preocupação de chamar periodicamente a Vigilância Sanitária, para inspecionar e nos ajudar a tratar dos nossos reservatórios e poços que armazenam e fornecem a água, além de outros cuidados básicos”, disse.

A diretora pedagógica Fátima Durans afirmou que a direção do Cintra não está retaliando nenhum docente. “Todos os professores são iguais perante a instituição e a decisão de remanejamento não é da escola e sim da Unidade Regional de Ensino”.

Ela disse que a carência de professores de Artes de fato deixou alguns alunos sem a matéria em 2012. Porém, Fátima ressaltou que uma readaptação curricular já foi programada e a matéria será dada em 2013.

“O mesmo problema aconteceu com outras disciplinas, como Química e Sociologia, mas conseguimos contornar o problema no segundo semestre, e os professores, também em sistema de readaptação, conseguiram ministrar o conteúdo”.

Sobre a informalidade do ato, a diretora disse que a informação não procede, “pois todos os professores remanejados foram comunicados, mas muitos estão se recusando a receber o documento que oficializa o procedimento, o qual continua à disposição deles”.

Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br/2013/2/7/

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